Tudo é de Todos
Alias: Terceirização de responsabilidade, Desresponsabilização; Consenso é fundamental.
Contexto
Esse antipadrão surge em organizações que possuem intenções louváveis, como criar uma gestão mais colaborativa, menos autocrática, melhorar o ambiente organizacional e fortalecer o senso de time.
Forma Geral
O "tudo é de todos" nada mais é que um conjunto de premissas ou pressupostos básicos da cultura de um time ou organização. Esse conjunto pode ser expresso com as seguintes expressões:
Uma tensão só existe ou é válida se todos no grupo sentirem ela.
Uma tensão só pode ser resolvida se todos se responsabilizarem pela resolução da tensão.
Todos precisam saber de tudo o que está acontecendo e ter espaço para opinar em todas as decisões.
Muitas vezes, esses pressupostos são implícitos e até inconscientes. Todos acreditam, ou uns acreditam mais que outros.
Sinais visíveis desse antipadrão podem vir na forma de falas:
Essa tensão não é minha, é de todos.
A gente tem que fazer bla bla bla... Leia esse texto que destrincha essa ideia.
Todos fazem tudo aqui, é assim que funciona. Colaboramos intensamente (sic).
Se não tivermos todos “alinhados” com tudo, iremos para caminhos diferentes e isso só pode dar errado.
Sintomas e Conseqüências
Um dos primeiros efeitos que pode surgir é a lentidão em resolver problemas e tensões. O grupo só consegue se mover para frente como um bloco. Unido e fechado. Essa solidez que conforta, enrijece, trava o sistema. Medidas simples que podem aliviar tensões, deixam de ser tomadas. Experimentos não são feitos.
Outro efeito possível é a frustração que pode tomar conta de algumas pessoas. O descrédito em processos decisórios e colaborativos, pois levam muito tempo ou são feitos sem o devido cuidado, pois não deu tempo de chegar no consenso tão desejado. Ocorre uma desmotivação dos mais ativos que querem “tocar para frente” ou irritação dos mais precavidos que querem estudar tudo à fundo antes de dar um passo.
O terceiro efeito é a desresponsabilização. Talvez o mais pernicioso. Eu posso trazer e falar de um monte de problemas, mas sei que como o grupo precisa assumir tudo, não está nas minhas costas ter que dar algum passo ou carregar algum piano. Em inglês tem um termo chamado de “social loafing” que reflete um pouco isso.
Por isso é um antipadrão, ele gera mais problemas ou problemas piores do que os problemas que ele tenta resolver.
Quando estamos em processo de adoção de práticas de autogestão, esse antipadrão se torna mais crítico, porque os problemas que ele tenta resolver já não tem a mesma relevância ou força.
Causas típicas
Esse antipadrão é muito comum pois ele realmente tenta resolver problemas sérios em várias organizações.
O primeiro é proteger as pessoas de ataques. De dedos que apontam culpados. Por isso precisamos de um time forte, que mova-se como um bloco, que todos façam tudo com o máximo de união. Essa necessidade quando estamos migrando para a autogestão, começa a diminuir, pois trabalhamos para que o ambiente seja menos nocivo, menos acusatório.
O segundo é fugir da gestão tradicional. Aquela que o chefe manda e todos obedecem. E o que sabemos colocar no lugar é a máxima o “grupo decide tudo e se responsabiliza por tudo.” Veja, não estou dizendo que o grupo não pode tomar decisões em conjunto, estou só apontando o fenômeno onde acredita-se que tudo deve ser de todos.
Existe um desejo de que as coisas sigam a lógica do “só é válido se for de todos”. Mas esse desejo não se concretiza dentro das pessoas. Elas sabem que o que elas sentem é diferente do que o outro sente. Só que existe um medo. De que se ela externalizar suas tensões como sendo algo dela, dará o direito do colega fazer o mesmo, e isso pode dar errado. É mais seguro trabalhar com aquilo que é coletivo.
Padrões relacionados
Modo Sincronizar
Processo Integrativo
Modo Cuidar (para falar sobre culpa e responsabilização)
Design Cultural
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