Eleições Integrativas
Aliás: Processo Integrativo de Eleições
Contexto
Um Círculo que necessita realizar Eleições de pessoas para energizar Papéis entre um conjunto pequeno de alternativas.
Forças
A tendência humana de buscar aceitação do grupo e conformidade é evidente. Não podemos fugir dela totalmente, mas podemos desenhar um processo de seleção que reduza ao máximo esses vieses. Quando as pessoas simplesmente repetem a opinião do outro, sem refletir com responsabilidade sobre a sua escolha, uma relação de dominação implícita é estabelecida. As pessoas mais extrovertidas e com maior retórica se sobressaem. Muitas vezes esse não é um processo consciente, o que agrava ainda mais o problema. A principal força deste padrão é realizar uma seleção rápida de pessoas para determinados Papéis, evitando que o grupo se influencie precipitadamente. As Eleições integrativas também conduzem a pessoa participante a se responsabilizar pelo seu voto e evitam a politicagem e troca de favores, por não terem candidatura explícita.
Problema
Os Meta-Acordos da O2 esperam que Integrantes do Círculo sejam selecionados para os Papéis de Facilitador, Escriba e Representante. Este padrão apresenta uma forma simples e direta de eleger qualquer Integrante do Círculo (presente ou não no momento), evitando ao máximo os vieses descritos na seção anterior.
Solução
Durante o Sincronizar, o Facilitador ou o Escriba podem conduzir uma eleição para os Papéis Facilitador, Escriba e/ou Representante utilizando as seguintes etapas. Para cada eleição, repetir:
Apresentar Papel: Facilitador atual descreve o Papel que será eleito (nome, Propósito, responsabilidades e [Artefatos][artefatos]) e especifica o tempo de vigência dessa eleição (normalmente 3, 6 ou 12 meses). Uma leitura e mais espaço para perguntas sobre o Papel geralmente é o suficiente. O Facilitador também pode lembrar a todos quais são as pessoas elegíveis (as Parceiras do Círculo), considerando as Restrições definidas nos Meta-Acordos.
Votação Inicial: Parceiras que são Integrantes do Círculo registram o seu voto em uma cédula. Isso pode ser feito descrevendo da seguinte forma: Eu, fulano, nomeio Ciclano para o Papel de X. Não é permitido votar em múltiplas pessoas ou se abster, mas é possível votar em si mesmo se você for elegível. As Restrições dos Meta-Acordos devem ser respeitadas (por exemplo, a pessoa que energiza o Papel de Guia no Círculo não pode ser eleita como Facilitador do mesmo Círculo). A votação inicial é secreta e as nomeações só podem ser reveladas depois que todos votarem (na próxima etapa).
Votação Final: Depois de ouvirem todas as explicações, cada Parceira repete a votação, preenchendo novamente a cédula. É permitido manter o voto ou trocar para outra pessoa, caso você tenha sido convencido de algum outro argumento.
Proposta: Facilitador contabiliza os votos e faz uma proposta de eleição da Parceira mais votada, especificando o tempo de vigência. Por exemplo: Com base na maioria dos votos, eu proponho a eleição do Gabriel para o Papel de Facilitador pelos próximos 3 meses, ou até alguém pedir uma nova eleição. Se houver empate, o Facilitador deverá utilizar os critérios de desempate descritos nos Meta-Acordos.
Rodada de Objeções. Um de cada vez, o Facilitador pergunta à Parceira Integrante do Círculo se ele ou ela vê algum mal (uma Objeção) em relação a proposta feita, deixando a pessoa sendo proposta por último. Se alguma Parceira levantar uma Objeção, ela poderá ser testada utilizando os mesmos critérios das Objeções de propostas de Adaptar, ou descartada pelo Facilitador. Mais detalhes na seção seguinte sobre Objeções possíveis.
Integração: Se houverem Objeções Válidas, elas poderão ser integradas à proposta.
Algumas objeções possíveis
Objeções em um processo de eleição são raras, mas possíveis. A mais frequente é aquela levantada pela própria Parceira Integrante do Círculo que foi eleita, afirmando que ela não quer energizar o Papel. Neste caso, é comum e aceitável o Facilitador atual descartar a proposta e repetir a eleição sem essa candidata. Outro caso comum é a Parceira alegar que tem disposição em fazer o Papel, mas não possui as competências necessárias para desempenhá-lo. Nesse caso o Facilitador pode lembrá-la que ela pode experimentar o novo Papel, e caso essa Tensão se manifeste, ela pode pedir uma nova eleição. Uma Objeção que pode ser descartada e desconsiderada nas Eleições Integrativas, é aquela que questiona o próprio processo de eleição. Por exemplo, em um dado grupo, uma Parceira pode dizer que possui uma Objeção e afirmar: o Gabriel que foi eleito não me representa. Este tipo de Objeção deve ser descartada, porque isso desqualifica os próprios Meta-Acordos, que utilizam Eleições para energizar Facilitador, Escriba e Representante. Caso isso aconteça, o Facilitador deve também considerar o uso do Cuidar, para tratar essa Tensão trazida pela Parceira que levantou a Objeção, que tem caráter tribal (é uma Tensão entre pessoas).
Contexto resultante
Após praticar o padrão de Eleições Integrativas, é comum que as Parceiras se surpreendam com os resultados. Pessoas que nunca teriam sido cogitadas para fazer algum dos Papéis elegíveis - por não se autodeclararem candidatas - acabam sendo eleitas e desenvolvendo novas habilidades. Em alguns casos, Parceiras também costumam sentir um certo desconforto na hora de ter que escolher apenas uma pessoa para votarem, sem justificarem porque não votaram em outra. Apesar de ser desafiador, é uma oportunidade de crescimento em termos de autorresponsabilização e também uma forma de preservar o espaço organizacional.
Fundamentação
Este padrão está presente na Holacracia e constitui a forma padrão e definitiva de realizar as Eleições dos Papéis de Facilitador, Escriba e Representante.
Usos conhecidos
O padrão já foi usado em praticamente todas as organizações que praticam ou praticaram Holacracia.
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